07 de agosto de 2010 • 09h22 • atualizado às 09h31
Os policiais militares do 23º BPM (Leblon) presos sob acusação de cobrar propina do atropelador do filho de Cissa Guimarães também estão sendo investigados, pela Corregedoria da PM, por omissão de socorro ao jovem. Quinta-feira à noite, a atriz voltou aos palcos e desabafou sobre sua tentativa de retomar a rotina: "É como se eu tivesse saído de um centro cirúrgico".
Ontem, o pai do atropelador, Roberto Bussamra, depôs no Inquérito Policial-Militar e confirmou o pedido de R$ 10 mil feito pelo sargento Marcello Leal e o cabo Marcelo Bigon, presos desde o dia 28. O depoimento foi tomado de manhã, no escritório do advogado da família Bussamra, no Centro do Rio. Ele admitiu que pagou R$ 1 mil à dupla no dia seguinte à tragédia, supostamente após receber ameaças dos PMs.
Revista e liberação
Em depoimento à 15ª DP (Gávea), que apura a tragédia, o atropelador, Rafael Bussamra, 25 anos, afirmou que os policiais chegaram ao local - o Túnel Acústico, na Gávea - quando a vítima ainda estava lá. Mas a dupla, segundo o motorista, só se preocupou em revistar os jovens que estavam no carro e convenceu-o a deixar o local dizendo que não podiam garantir sua integridade física diante da revolta dos amigos do filho da atriz.
Segundo o advogado Spencer Levy, Roberto se arrependeu do pagamento ao saber da morte de Rafael Mascarenhas, 18 anos, atingido quando andava de skate na via interditada, dia 20. "Até a parte da manhã, eles (os Bussamra) tentaram falar com os advogados. Se a família estivesse à vontade com o pagamento, teria feito logo", disse.
O Roberto já estava no local combinado com os PMs quando soube da morte do garoto. "Ele ficou muito exaltado e disse que não ia pagar mais nada", argumenta Spencer. Roberto e os filhos, Rafael e Guilherme, que o acompanhou até o local do pagamento, podem ser indiciados por corrupção em inquérito na 15ª DP (Gávea). Os jovens devem ser ouvidos pela PM segunda-feira.
Cissa emociona plateia e desabafa
Cissa Guimarães fez, ontem à noite, a primeira sessão de 'Doidas e Santas' aberta ao público, no Teatro do Leblon. Na peça, a personagem dela se emociona com a separação e a atriz chorou ao interpretar o texto: "Eu não consigo mais sorrir, às vezes me dá um aperto no coração. Olho a sala e me dá um vazio, dói muito. Saudade de uma alegria, de uma esperança, de quando o futuro era infinito". No final, encarou a plateia: "Parece um pouco a minha vida. Sem amor a vida não vale a pena".
A atriz foi aplaudida de pé e, com olhos cheios d'água, afirmou: "É só isso que eu preciso de vocês". E continuou: "Ah, gente, eu fiz isso ontem (quinta-feira) e acho que agora vou fazer todo dia: Rafael! Rafael! Rafael!". Ela puxou o coro e a plateia acompanhou, em homenagem ao filho caçula de Cissa, que morreu atropelado, aos 18 anos, no dia 20 de julho. O público deixou o teatro chorando. Depois, Cissa - que na quinta-feira havia deixado o local pela saída de emergência - saiu pela porta da frente acompanhada de seguranças e dos filhos, Thomaz e João Velho. Uma amiga também a amparou e ela mandou um beijo para fotógrafos e jornalistas.
Um dia antes, Cissa desabafou, em sessão para artistas e amigos. "É como se eu tivesse saído de um centro cirúrgico. Sinto muito a força dele, que vibrava com essa minha primeira produção, ele vinha muito ao teatro. Volto muito, muito por ele.
Preciso do carinho do público, sou carente".
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Publicado no Portal Terra.
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