segunda-feira, julho 01, 2013

A Alma Poética e Lúdica de Maria Júlia Pontes!

Dinalva Heloiza de Oliveira


Ao discorrer sobre os novos e valiosos talentos que surgem através do gênero literário, faz-se necessário compreender o processo de globalização da informação o qual flui através da web, e que tão fortemente contribui para a difusão da literatura e a excelente safra de novos talentos, os quais de tempos em tempos encantam o mundo literário, e monopolizam milhares de leitores.

Neste papel tem um destaque especial às redes  sociais e blogs, os quais permitem a criação de deliciosas páginas, que se tornam verdadeiras salas de leitura e nos possibilitam um maior reconhecimento destes talentos e suas obras.

Foi justamente através destas ferramentas, que conheci, o trabalho de uma autora em especial, Maria Júlia Pontes, ou simplesmente Majú.
                                                             
                                                              Maria Júlia Pontes

Paulista, graduada em Letras, pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, é também professora de Língua Inglesa, Português e Literatura na cidade de São Paulo. Maria Júlia é escritora, poeta e autora, possui um título publicado em 2008, “Língua-Expressões Poéticas”, pela THS Editora de São Paulo, e ainda em 2008, foi premiada por seu poema “Febre” com o Prêmio Menção Honrosa do Prêmio Internacional Nósside.



O Prêmio Internacional de Nósside é o único concurso global, plurilinguístico e multimedia, organizado pelo Centro de Estudos Bosio, sob a chancela da UNESCO. 


Capa do 1º livro publicado, “Língua e Expressões Poéticas - THS 2008” - de Maria Júlia Pontes


Menção Honrosa Prêmio Internacional Nósside
Febre
(Maria Júlia Pontes)

A nostalgia se embrenhou pelos meus cânticos
E causou pirexia em tons românticos,
A noite se alastrou pelo meu dia
Fervi cada palavra que ardia,

Busquei em cada nuvem tão sombria
Os restos do amor que me movia,
O sol escondido em rima pura
Sombreava de amarelo minha clausura,

Rasguei minhas lembranças carcomidas
Sequei minhas saudades matricidas,
Resgatei o meu corpo combalido
Deixei que me inundasse a libido,

Bebi cada verso escaldado,
Reli todas as cartas do amado.

Diálogo Literário Musical


                                      Colagem com imagens de Majú, em épocas diversas. 

Maria Júlia, com certeza pode se considerar parte de um seleto grupo de jovens, autoras e autores, que tão sabiamente nos conduzem em sua fluência literária. A competência e desenvoltura com que conduz o desenrolar de seus textos, a profunda qualidade de seus versos a disposição de suas mais íntimas observações, são ingredientes que nos fazem fiéis aos seus textos.

Mas o que certamente nos permite uma mais profunda observação, é sem dúvida, o diálogo que ela mantem entre o literário e o musical. Eu particularmente defendo o apagamento entre as fronteiras literárias e musicais, visto que esta interação resulta em um híbrido interposto com valor substantivo, a palavra-música, e que por vezes predomina no contexto literário-musical e flui belamente de tempos em tempos pelo cancioneiro nacional.

Essa característica de Maria Júlia é descrita muito bem na apresentação de “Língua e Expressões Poéticas” por "Anderson H. e Muryel De Zoppa", - escritores e poetas - onde eles comentam:

“A arte de Maria Júlia Pontes, indelevelmente, traz as marcas da sonoridade, do ritmo e do verso praticado pelos mestres populares do centro oeste brasileiro, tais como os cururueiros- mestres do verso cantado, instrumental/dança/vocal/poesia, traz melopeia, fanopéia e logopéia, sublimados rearranjos (in) versos, postos irrequietos pulsantes, de sobremaneira musicais. No que se refere às unidades de expressão, Maria Júlia vai além dos demais por construir imagens de um Xamã Feminino no melhor estilo de Erva do Diabo, prosa de Carlos Castaneda, sem desmerecer os símbolos sagrados politeístas”.

Neste cenário, esta jovem poeta e escritora, terá pela segunda vez, um de seus poemas musicados pelo amigo e parceiro Rui Villani, músico, também poeta e integrante do BDE. Aqui Rui, fala um pouquinho sobre este segundo trabalho, com Maria Júlia. - “Este poema de Maria Júlia Pontes, por ser praticamente um soneto, necessita apenas de um pouco de ajuste na métrica e alguns ritmos nas estrofes finais para que a melodia corresponda adequadamente à beleza do poema”, comenta Rui.

Este poema, é o intitulado “Derradeira”, que também integra 4ª Antologia do Bar do Escritor, a qual será lançado pelo BDE durante a realização da 11ª FLIP em 2013– Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece todos os anos na cidade de Paraty, estado do Rio de Janeiro.

O primeiro poema de Maria Júlia Pontes, também musicado pelo parceiro e amigo Rui Villani, foi o Bar-co das Letras, um poema que Rui transformou em um belo fado.
                                                               
                                                                    Maria Júlia Pontes

O Bar-co das letras
(Maria Júlia Pontes)

Truncados nas redondilhas,
fincam dedos na madeira,
cães da mesma matilha
na corredeira jogados
retalhos de vidas inteiras,

na escrita um legado,
no anverso da moeda cunhado
doutos versos rijos mundanos,
de médico e louco um pouco
poetas, contistas, insanos,

um retrós que nunca finda
em viés letras tecidas,
outra colcha então cosida
nesse afã que é só revés
sua escrita, sua guarida,

no seu barco, seu convés.


Maria Júlia e Rui Villani –Sonoridade em Parceria


                                                             Maria Júlia Pontes

Rui Villani, que modestamente se diz amador em música. Possui na verdade mais de 300 composições de sua autoria. Foi premiado em um festival colegial nos anos de 1970, e posteriormente continuou tocando e compondo. Conhece harmonia e se entende muito bem com os acordes. “A música me vem como vem a poesia, de forma intuitiva”, comenta Rui

Ao perguntar  a Majú, como foi escrever o poema “Derradeira”, este que  está sendo musicado por Rui Villani, ela comenta:

“O poema "Derradeira" aflorou, ou meio, que surgiu ... quase pronto, não exigiu muito trabalho -  À esses poemas eu denomino “vindos do âmago”. Os outros, quando penso em algo que me remete a um tema, levo um pouco mais de tempo me informando e escrevendo”, conclui Majú.

Atualmente, Maria Júlia, trabalha para publicar um segundo volume de sua autoria, - material já existe o suficiente a busca é por patrocínios – o que esperamos poder contribuir para que este trabalho seja reconhecido, pois o material é de primeira qualidade.

Maria Júlia, possui alguns blogs de sua autoria -(Blogs – vide links no verso), além de páginas em redes sociais, a exemplo do Facebook, onde publica sempre que possível um novo poema, uma prosa poética, um soneto, etc.

Neste ano de 2013, Majú, completa sua terceira participação publicada na série Antologias do Bar do Escritor, que lança sua 4ª Antologia – “Tomo IV” - título este, que faz uma referencia ao nome desta confraria, que periodicamente nos brinda com gratificantes doses de boa literatura.


Participações de Maria Júlia Pontes nas Antologias do Bar do Escritor


                                                      

- A Primeira Participação, ocorre na Segunda edição da Antologia BdE - Intitulada “Brand” datada de 2011: 

- Pg. 43, “Pecado escada a baixo” (prosa poética);

– Pg. 91, “Do que não escrevi nos muros dos colégios” (poema);

– Pg. 115. “Sonhos mofados” (poema); e

- Pg.178 - “Rebento de contradições” (poema).

A Segunda Participação, vem em seguida, com a Terceira edição da Antologia do  BdE - intitulada “ 3a Dose” de 2012 :

 -Pg. 52, "Súbito” (poema);

- Pg. 104,  "Non Dimenticarti di Me” (poema)"; 

-Pg. 111, "A memória também me falha por compulsão” (prosa poética);

-Pg. 128, “Luzia “(poema); 

-Pg. 192.  "Arrebatamento íntimo” (poema).

A Terceira Participação, acontece agora em 2013, com o lançamento da Quarta Antologia  BdE - que leva o título “TOMO IV”- com lançamento previsto durante a FLIP 2013 - Festa Literária de Paraty, onde Maria Júlia participa com dois poemas e duas prosas poéticas.

- "Vai", (prosa poética);

-"Derradeira", (poema);

-"Invernar", (prosa poética ); 

-"Doer", (poema).

Outras Antologias

Além das participações junto as Antologias do Bar do Escritor, Maria Júlia Pontes, participou também da série “Antologia do PRP”, onde ela tem um artigo publicado sobre a mulher, intitulado, "A Mulher e a Poesia", e ainda a poesia “20 páginas”.

Outra significativa participação antológica de Maria Júlia foi na “1ª Antologia Literária Feminina Mulheres Nuas”, organizada por Paulinho Dhi Andrade, com os poemas: "Non Dimenticarti di me"; "Súbito"; e "A memória também me falha por compulsão".

A seguir, aprecie a fluência lírica de Maria Júlia Pontes em “Derradeira”, 

“Derradeira”
(Maria Júlia Pontes)

Onde está amor de minha aurora
Eu te sinto em meus músculos e nervos
Entre beijos e quimeras de outrora
Colado em nossos sonhos e acervos

Inda amo nossas noites em nostalgia
Pois tu és minha imensidão e exiguidade
O meu pão e meu alento de cada dia
Contração de nossa bipolaridade

Vem amor! Minha noite está sombria
Corvos rondam perseguindo cotovias
E seu castanho entremeia o verde ávido
De meus desejos esquisitos e impávidos

Corre amor que nosso tempo é um fio
Eu te quero em dose única e cálida
Restaurar nosso sossego tão tardio

Somos hoje só o ouro das crisálidas
Onda mansa recortando mar bravio
Transbordando lua mansa em dose pálida.


Acesse os links abaixo e conheça os blogs da autora e a página que ela mantém no facebook, onde sempre que possível ela publica um novo poema, um soneto, uma prosa poética, etc. Links da Autora Maria Júlia Pontes.